Conforme a Declaração de Salamanca de 1994 deixa claro, através da
política de inclusão, a legislação brasileira posiciona-se pelo atendimento das
pessoas com necessidades educacionais especiais no âmbito escolar
preferencialmente em classes comuns das escolas, em todos os níveis, etapas e
modalidades de educação e ensino, preparando os mesmos para a inserção no
mercado de trabalho. A educação, juntamente com o Estado tem hoje um grande
desafio: a educação de qualidade, garantindo o acesso aos conteúdos básicos a
todos. Ao pensar nesta política inclusiva, deve-se ter com clareza que as
instituições e sociedades precisam estar preparadas estruturalmente (com
profissionais capacitados, adequação física, materiais didáticos, e outros. Portanto,
há uma constante busca por uma educação que ressalte a diferença surda,
marcando assim a sua identidade. Porém, o Estado como regulador das práticas
educativas, sempre criou conjunto de regras para a escola no sentido de que
fosse garantida a educação dos surdos de acordo com o pensamento vigente. E a
formação dos professores de surdos, acaba por acompanhar esse processo, pois, o
mesmo deve ser o agente da norma mais importante nesse processo discursivo
vigente. A busca pela forma política e cultural de representação dos surdos
sempre foi intensa e é parte dos movimentos sociais das pessoas surdas.
Conforme a Coordenadoria Regional de Educação, das trinta e seis (36) escolas
públicas regulares da rede estadual da cidade, quatorze (14) possuíam alunos
com deficiência matriculados, representando um percentual de 38,8%.Das onze
(11) escolas participantes, obteve-se um total de nove mil duzentos e vinte e
cinco (9225) alunos matriculados, sendo cento e trinta e dois (132) com
deficiência, representando 1,43% do total. Do total de cento
e trinta e dois (132) alunos com deficiência matriculados nas escolas, 35,6%
estavam na Classe Especial, 31,79% estavam inseridos nas Séries Iniciais do
Ensino Fundamental, 16,67% nas Séries Finais do Ensino Fundamental, 9,84% no
Ensino Médio, 1,51% no EJA e 1,51% na Educação Infantil.Em relação à atuação do
intérprete em sala de aula, se verifica que ele assume uma série de funções
(ensinar língua de sinais, atender a demandas pessoais do aluno, cuidados com
aparelho auditivo, atuar frente ao comportamento do aluno, estabelecer uma
posição adequada em sala de aula, atuar como educador frente a dificuldades de
aprendizagem do aluno) que o aproximam muito de um educador. Sendo assim, ele
deve integrar a equipe educacional da escola que atua, exigindo também muita
dedicação e empenho. Para que a do
intérprete de Libras consiga esse objetivo
se faz necessário de conhecermos melhor se essa presença favorece o
desenvolvimento do surdo e quais as exigências que estão sendo feitas para a
efetividade de sua ação interpretativa. Portanto, o ato de interpretar a língua
de sinais para a língua portuguesa é um processo cognitivo pelo qual se trocam
mensagens de uma língua sinalizada para a oral. Ao mesmo tempo, representa uma
tomada de decisões sintáticas, semânticas e pragmáticas em duas línguas que impõem
sempre novas interpretações. Portanto, o intérprete não deve ser apenas um
explicador, mas um profissional que tenha a competência, na interpretação da
língua de sinais para a língua portuguesa e vice-versa. E conseqüentemente
interpretar qualquer conteúdo, até mesmo o de Física, porque não? Mas, para
isso é necessário um planejamento feito junto com o professor da matéria dada
na sala, precisa ter um elo para que este tenha significado para o aluno que
depende da linguagem de sinais, o qual terá que ver junto com o professor da
matéria dada, qual o melhor método para que o mesmo entenda o mesmo. Acredito
que os professores da matéria junto com o intérprete de libras devem estar
sempre trabalhando em parceria para que a educação inclusiva, para estes alunos
que dependem da linguagem de sinais, seja realmente significativo o seu
aprendizado. Será que estamos realmente preparados para esse desafio?
Acreditamos que são importantes as dinâmicas da sala de aula, o papel do
intérprete nesse contexto, assim como a apresentação de uma proposta de
educação de surdos/as numa perspectiva intercultural, como uma possibilidade de
superar alguns desafios e realmente proporcionar uma educação igualitária, onde
todos aprendem de maneira diferenciada e em tempos diferentes.
A
inclusão de alunos com necessidades especiais em escolas regulares, não vejo
como utopia, pode ser real se propormos um processo de uma aprendizagem
cooperativa, que respeita as diferenças e respectivamente os diferentes estilos
de aprender, abrindo novos horizontes para os mesmos, ou seja, novas
possibilidades para se alcançar a aprendizagem real dos alunos surdos,
reconhecer os diferentes ritmos, tempos, interesses, desejo e anseios desses
alunos, as concepções de mundo. Portanto, quando falamos de uma pedagogia
inclusiva ,não estamos falando de corrigir o sujeito, mas a manifestação de
suas habilidades e competências, seu potencial, contemplando as necessidades de
todos os alunos. Um tipo de aprendizado novo na vida do aluno e deve ser
acompanhado e sistematizado Pra isso é necessário um planejamento com o
professor da matéria e também o intérprete, propiciando o real desenvolvimento
deste aluno, possibilitando um verdadeiro aprendizado e conseqüentemente o
acesso à cultura
Segundo a intérprete de libras, o envolvimento
com a comunidade surda é fundamental. “Somente convivendo com a realidade e com
o universo do surdo, a pessoa consegue se aprimorar na linguagem de sinais”
comenta. Aprender libras é como aprender outro idioma, pois existe toda uma
estrutura de linguagem que a form. E também, a interação com os mesmos, exige
muita dedicação e empenho. Acredito que o aluno surdo possa se beneficiar da
inclusão em Escola regular se faz necessário a formação de professores e
funcionários, adaptação metodológica, curriculares, material pedagógico, ensino
de língua de sinais para a família e outros (Kelman, 2005). O intérprete é o
mediador de relação entre o aluno surdo e ouvintes que atua na sala. A mesma
fala, que são os alunos que escolhem o lugar onde querem sentar, desde que seja
de frente para elas, para facilitar o trabalho e também para que a intérprete
de libras possa identificar se algum deles está desatento ou não está
entendendo algo. Para isso acontecer se faz necessário primeiro o envolvimento
e compromisso de todos, formação de professores com competência em Língua de
Sinais, de intérpretes de língua de sinais, e outros; construção de uma
metodologia para o ensino da segunda língua: Libras, que considere as
interferências da mesma, ou seja, da língua de sinais na escrita da língua oral
e o papel da interlíngua produzida pelos surdos no processo ensino –
aprendizagem dessa segunda língua após a aquisição da primeira língua. Uma
proposta pedagógica real de uma Educação capaz de favorecer a construção de um
projeto comum, o qual as diferenças sejam dialeticamente integradas e
respeitadas
Alcibere Valentim de Oliveira
Universidade Federal do Espírito santo
Centro de Ciências Exatas
Colegiado de Física
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